scholarly journals A lógica fantasmática do e-government e o discurso da inovação em Cabo Verde

2020 ◽  
Vol 54 (2) ◽  
pp. 266-284
Author(s):  
Osíris Luís da Cunha Fernandes ◽  
Fernando Gomes de Paiva Júnior ◽  
Nelson da Cruz Monteiro Fernandes ◽  
Marconi Freitas da Costa

Resumo O objetivo deste estudo consiste em aprofundar as reflexões sobre o e-government (e-gov) a partir de uma análise do campo discursivo da inovação no setor público em Cabo Verde, sob a ótica da Teoria do Discurso (TD) de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. Para tanto, por meio de estudo de caso instrumental e usando o método da retrodução proposto por Jason Glynos e David Howarth e a análise do discurso (de matriz francesa) dos sujeitos que constituíram o e-gov, buscamos desvelar a lógica fantasmática da articulação discursiva dessa prática social. Os resultados mostram, por um lado, que, embora, o e-gov seja uma entidade incompleta, vulnerável e contingente, a identidade dos agentes envolvidos em sua articulação discursiva depende de sua capacidade de reiterar os discursos de “aposta na sociedade da informação”, “e-government como opção estratégica para o desenvolvimento” e “reforma do Estado e modernização administrativa” ao longo do tempo. Por outro lado, o e-gov se revelou um sistema discursivo impregnado de demandas relacionadas a um tecnicismo ocasional e à crença implícita dos agentes do setor público cabo-verdiano de que o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) pelas instituições públicas gera avanços estruturadores na modernização administrativa e na transformação social.

2020 ◽  
Vol 54 (2) ◽  
pp. 266-284
Author(s):  
Osíris Luís da Cunha Fernandes ◽  
Fernando Gomes de Paiva Júnior ◽  
Nelson da Cruz Monteiro Fernandes ◽  
Marconi Freitas da Costa

Resumo O objetivo deste estudo consiste em aprofundar as reflexões sobre o e-government (e-gov) a partir de uma análise do campo discursivo da inovação no setor público em Cabo Verde, sob a ótica da Teoria do Discurso (TD) de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. Para tanto, por meio de estudo de caso instrumental e usando o método da retrodução proposto por Jason Glynos e David Howarth e a análise do discurso (de matriz francesa) dos sujeitos que constituíram o e-gov, buscamos desvelar a lógica fantasmática da articulação discursiva dessa prática social. Os resultados mostram, por um lado, que, embora, o e-gov seja uma entidade incompleta, vulnerável e contingente, a identidade dos agentes envolvidos em sua articulação discursiva depende de sua capacidade de reiterar os discursos de “aposta na sociedade da informação”, “e-government como opção estratégica para o desenvolvimento” e “reforma do Estado e modernização administrativa” ao longo do tempo. Por outro lado, o e-gov se revelou um sistema discursivo impregnado de demandas relacionadas a um tecnicismo ocasional e à crença implícita dos agentes do setor público cabo-verdiano de que o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) pelas instituições públicas gera avanços estruturadores na modernização administrativa e na transformação social.


2022 ◽  
Vol 31 (64) ◽  
Author(s):  
Aurenéa Maria de Oliveira ◽  
Maria da Conceição dos Reis ◽  
Joel Severino da Silva

A partir do século XX, vários movimentos e sindicatos no campo uniram forças contra as péssimas condições de trabalho. Assumindo que neste processo há uma dimensão pedagógica de aprendizagens políticas, esta pesquisa teve o objetivo de analisar como os processos educativos do movimento sindical de trabalhadores rurais do município de Vicência/PE repercutem na construção da identidade política de sindicalistas. O estudo se baseou na concepção de discurso desenvolvida pela Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e na perspectiva de identidade de Stuart Hall. Metodologicamente, fez uso da análise de discurso de Michel Pêcheux e de Eni Orlandi, visando observar como os indivíduos, a partir de posições de sujeito, relações de lugar e de força, elaboram suas falas. Os resultados apontaram para uma noção de identidade política-cidadã atrelada à luta por conquistas de direitos sociopolíticos, por parte desses trabalhadores, e para o antagonismo patronal, limitando conquistas destes sindicalistas.


2016 ◽  
Vol 22 ◽  
pp. 152-174
Author(s):  
Yannis Stavrakakis

Uno de los méritos de Hegemonía y estrategia socialista de Chantal Mouffe y Ernesto Laclau puede ser claramente asociado a la crítica de la inmediatez, la que constituye uno de los ejes centrales del libro. Por ejemplo, el cambio radical desde la ilusión de inmediatez a un énfasis sobre la mediación discursiva y su papel constitutivo en la formación de la realidad política y social es claramente visible con respecto a la tradición política contra la cual el post-marxismo se define, esto es, la tradición radical en Occidente y su núcleo marxista. En efecto, la deconstrucción de la tradición marxista en Hegemonía y estrategia socialista es primeramente la deconstrucción de la pretensión de tener un acceso directo a y un control de la totalidad de lo real y de su desarrollo (escatológico) histórico predecible.[1] No es sorprendente, entonces, que la mayoría de las resistencias críticas encontradas por la teoría discursiva han emanado de los defensores de tal inmediatez. La crítica a la teoría del discurso frecuentemente ha tomado la forma de un retorno de la inmediatez, de una venganza de lo real.Este retorno puede tomar una variedad de formas; de hecho, como veremos, ha tomado notablemente diferentes formas. En este texto, nos enfocaremos principalmente en los argumentos que rechazan la teoría de la hegemonía y del discurso de Laclau y Mouffe sobre fundamentos biopolíticos; en particular, vamos a abordar críticamente los relevantes trabajos de Richard Day, Scott Lash y Jon Beasley-Murray.[2] Este conjunto de investigaciones destaca, de una manera u otra, la importancia de los mecanismos de dominación biopolíticos, ‘no hegemónicos’, en los que el poder está, supuestamente, no mediado discursivamente, sino que opera directa y exclusivamente en un real biopolítico afectivo. Sin embargo ¿cuán válida es está crítica? Sólo un cuidadoso examen puede, en verdad, evaluar su consistencia interna, así como la medida en la que se las ha arreglado para hacer justicia al desarrollo de la teoría discursiva desde 1980 hasta hoy. De hecho, como veremos, las inconsistencias de la crítica post-hegemónica limitan severamente sus implicaciones: en vez de invalidar la teoría discursiva de la hegemonía en conjunto, meramente destacan el aspecto afectivo de la política hegemónica. No obstante ¿no es precisamente este aspecto el que ha estado enfatizando Chantal Mouffe en su trabajo personal después de Hegemonía y estrategia socialista? ¿No es esto lo que exactamente está en juego en su ‘política de las pasiones’? [1] Laclau y Mouffe (1985).[2] En esta parte del argumento nos basaremos en las primeras secciones de Stavrakakis (2014).


2019 ◽  
Vol 21 (3) ◽  
pp. 79-96
Author(s):  
Thiara Vichiato Breda

Esse artigo focaliza a(s) Cartografia(s) em um campo político, problematizando os sentidos de espacialidade que estão em constante negociação e disputas nos processos de mapeamentos. Tais reflexões partem de uma perspectiva teórico-metodológica pós-estruturalista, sob a ótica da Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, tecendo diálogos com estudos pós-coloniais e decoloniais, juntamente com as contribuições dos estudos da cartografia crítica e humanista. Percebe-se com isso os impactos da universalização de uma concepção de linguagem que no limite ocultam outras Cartografias ao negarem as diferenças no que tange ao processo de representação espacial. Através dessas reflexões é proposto o reconhecimento de uma Cartografia Porosa (e, portanto, pluralista) na tentativa de legitimar e respeitar outras práticas de conceber, representar e mapear o mundo.


Author(s):  
Carolina Falcão

Neste trabalho desenvolvo e apresento a ideia de imaginação política antagonista, um fenômeno político editorial, marcado por um esforço duplo: a elaboração crítica da atual conjuntura brasileira após as eleições presidenciais de 2018 e a concepção de formas de resistência nesse contexto. Para isso, levo em consideração, entre os títulos publicados no Brasil em 2019, as obras de Ailton Krenak e Rosana Pinheiro Machado, “Ideias para adiar o fim do mundo” e “Amanhã vai ser maior”, respectivamente. Argumento que as concepções de “fim do mundo” e “amanhã maior” trazidas nos títulos revelam como essa imaginação é produto também de um trabalho articulador do antagonismo político, a partir das proposições de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe.


2011 ◽  
Vol 26 (3) ◽  
pp. 685-720 ◽  
Author(s):  
Marco Aurélio Máximo Prado ◽  
Frederico Alves Costa

Este artigo tem por objetivo discutir estratégias de luta política desenvolvidas por movimentos sociais que atuam na sociedade brasileira, tendo como problema: quais as possibilidades de democratização social frente ao descentramento do espaço político e a pluralidade de sujeitos políticos que caracterizam as últimas décadas das sociedades ocidentais contemporâneas? Foram entrevistados representantes de grupos do movimento feminista (Marcha Mundial das Mulheres - MMM), do movimento negro (Negras Ativas - NA), do movimento camponês (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST), do movimento sindical (Central Única dos Trabalhadores - CUT), do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e da Brigadas Populares (BP). Além disso, foram entrevistadas a secretária da Assembleia Popular Metropolitana de Belo Horizonte (AP-MBH) e a vice-presidente "Trans" da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), entidades que, na pesquisa, denominamos de espaços de vínculos entre sujeitos políticos. Também coletamos, junto aos grupos, materiais referentes a ações desenvolvidas por eles, à história dos grupos, às suas bandeiras políticas. Para a análise dos dados, nos concentramos teoricamente em uma teoria democrática específica, denominada Teoria Democrática Radical e Plural, desenvolvida por Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, desde meados da década de 1980. A partir da leitura das entrevistas, dos documentos coletados junto aos grupos e das considerações da Teoria Democrática Radical e Plural, construímos categorias analíticas referentes ao problema proposto na pesquisa. Discutimos, neste artigo, duas estratégias de luta política, denominadas estratégia de articulação e estratégia de aliança. A estratégia de articulação é concebida como a construção de uma relação de equivalência ("nós") entre diferentes sujeitos políticos, de modo a se construir um projeto contra-hegemônico. Já estratégia de aliança é definida como a construção de vínculo, em torno de demandas especificas, entre sujeitos políticos na construção de ações conjuntas, sem que isso implique, necessariamente, na promoção de uma relação de equivalência entre os grupos. Entendemos essas duas formas de estratégia política não como opostas, a priori, mas como modos complementares de se construir a mudança social. As estratégias debatidas podem ser úteis para pesquisas no campo dos movimentos sociais, sobretudo, na análise dos modos de construção da luta política.


2017 ◽  
Vol 7 (1) ◽  
pp. 101
Author(s):  
Henrique De Oliveira Lee ◽  
Camila Rodrigues Francisco

ResumoO objetivo deste trabalho é propor uma investigação sobre os embates discursivos entre diversas identidades políticas, encenados nas ruas e no espaço virtual, durante as manifestações realizadas nas capitais brasileiras durante o mês de junho de 2013. Através do pensamento de Ernesto Laclau (1994) e Chantal Mouffe (1990), especificamente em torno dos conceitos de “antagonismo” e “significantes vazios”, propõe-se uma análise de determinadas produções e recepções de enunciados do embate estabelecido entre os diversos grupos que participaram das manifestações realizadas nas capitais brasileiras durante o mês de junho de 2013. Os significantes vazios  permitiram verificar a emergência de significados antagônicos nas produções discursivas surgidas nas ruas e nos ambientes virtuais como um modo de articulação de antagonismos e identidades políticas.Palavras-chave: Laclau; Significante vazio; Antagonismo. AbstractThe goal of this paper is to propose an inquiry about the discursive struggle performed at the streets and at the virtual space among the many political identities present in the demonstrations of June 2013 in Brazil´s biggest cities. It is proposed an analysis of certain production and reception of utterances of the struggle established among the many groups that took part in the demonstration through the framework of Laclau´s and Mouffe´s concepts of “antagonism” and “empty signifiers”. The latter allowed us to verify the emergency of antagonistic meanings in the discursive production found in the streets and virtual spaces as a way to articulate antagonism and political identities.      Keywords: Laclau; Empty signifiers; Antagonism.


2013 ◽  
Vol 13 (26) ◽  
pp. 135-147
Author(s):  
Isleide A. Fontenelle

O artigo analisa como o consumidor ambientalmente responsável tem sido produzido pela mídia de negócios em duas revistas: The Economist e Exame, no período de 1996-2007. O método de pesquisa apoia-se na Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e em autores lacanianos que encamparam essa teoria. A análise empírica, apoiada por uma revisão bibliográfica sobre crise ambiental, consumo e responsabilidade empresarial, permite concluir que a construção midiática do consumidor responsável tem se utilizado da culpabilização presente no discurso da crise ambiental para vender redenção como mercadoria.


2017 ◽  
Vol 29 (0) ◽  
Author(s):  
Frederico Alves Costa ◽  
Marco Aurélio Máximo Prado

Resumo Este artigo apresenta como foco o debate sobre dificuldades na construção da luta política na contemporaneidade brasileira, mais especificamente nos últimos anos do governo do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Objetiva-se, a partir do diálogo entre a Teoria Democrática Radical e Plural - desenvolvida por Ernesto Laclau e Chantal Mouffe - e posicionamentos de representantes de diferentes grupos de movimentos sociais brasileiros, discutir dois modos de resistência da hegemonia a alternativas de democratização da sociedade. Esses modos, concebidos como artimanhas da hegemonia, são denominados expansão hegemônica e expurgo à diferença. O debate contribui para a análise sobre estratégias políticas no campo da psicologia social.


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