Educação Científica do Campo: uma Proposta Formativa e Curricular de Educação Científica para as Licenciaturas em Educação do Campo
Neste trabalho buscamos perspectivas teórico-metodológicas para embasar uma concepção da educação científica para a formação nas licenciaturas em educação do campo. Apoiadas na filosofia da linguagem de Bakhtin, partimos de uma retomada histórica das áreas de educação em ciências e de educação do campo, no contexto brasileiro, para chegar a uma compreensão qualitativa de como essas áreas se desenvolveram e com quais vozes dialogaram ao longo de sua história. Na sequência, apresentamos uma revisão de trabalhos acadêmicos produzidos pela área de educação em ciências que se voltam para a educação do campo. A partir dessa revisão e da compreensão histórica das áreas, elegemos a perspectiva crítica como voz comum entre os pesquisadores em educação do campo e alguns pesquisadores da educação em ciências. Seguindo esta direção, assumimos a racionalidade crítica para formação docente e nos apropriamos do modelo de docente intelectual crítico (Contreras, 2012) para delinear uma concepção híbrida do professor de ciências no âmbito da educação do campo. O ensino de ciências no currículo das licenciaturas em educação do campo foi idealizado a partir das vozes críticas da perspectiva curricular (Silva, 2017) que aproxima ideias de Paulo Freire à abordagem CTS. Concluímos a proposta com as vozes de Boaventura de Sousa Santos e de Hugh Lacey, que contribuem para a revisão da concepção de ciência a ser incorporada em nossa proposta de educação científica do campo.