A relação lugar-identidade apresenta uma ambivalência que vai da celebração à condenação, ganhando novo fôlego após os anos 1990 tanto com a relevância que os movimentos identitários de resistência (étnicos, raciais e de gênero) alcançaram, na luta pelo lugar, enquanto território, quanto na força que o clamor pelo respeito à diferença e pelo reconhecimento do sentido opressor e colonial da identidade receberam, questionando o papel dos processos de territorialização nos conflitos e na negação da diferença que promovem a captura do Outro pelo Mesmo. Deslocamos a questão da relação identidade-diferença para o nexo consciência-lugar, desfazendo esta associação que dá relevo ao sentido frente ao sem-sentido. A prevalência da consciência é compreendida como um dos instrumentos da razão imperialista-colonizadora, eurocêntrica, e por isso é necessário fissurá-la para um outro sentido geográfico de identidade. Mas como significar nossa relação geográfica e sua implicação para a identidade libertando-se das amarras da consciência e dos modelos coloniais de intelecção do ser? Este é o principal questionamento mobilizador do artigo, o qual será enfrentado a partir da experiência com os indígenas Payayá e da interlocução com a filosofia de Emmanuel Lévinas, como metafenomenologia, no sentido de um pensamento descolonial latino-americano.
Abstract
IDENTITY AND PLACE IN THE METAPHENOMENOLOGY OF THE PAYAYÁ’S ALTERITY
The identity-place relationship presents an ambivalence that goes from celebration to condemnation, gaining a new impetus after the 1990s, both with the relevance that identity resistance movements (ethnic, racial and gender) have achieved, fighting for the place – as territory –, as with the strength that crying for respect differences and the oppressive and colonial sense of identity received, questioning the role of the territorialization processes in the conflicts and in the denial of the distinctions that promote the capture of the Other by the Same. We move the question of the identity-difference relationship to the nexus between consciousness-place, undoing this association that gives relevance to sense in the face of the non-sense. The prevalence of consciousness is understood as one of the instruments of the imperialist colonizing reason, Eurocentric, and therefore it is necessary to break it into another geographical sense of identity. But how do we give meaning to our geographical relationship and its implication to identity, freeing ourselves from the bonds of consciousness and the colonial models of the intellection of being? This is the main question that mobilized the paper, which will be faced from the experience with the Payayá natives and the interlocution with the philosophy of Emmanuel Lévinas, as methaphenomenology, toward a Latin American descolonial thinking.