A VIA CRUCIS DO PRAZER: NECROFILIA EM OS CORDEIROS DO ABISMO, DE MARIA RIBEIRO
O objetivo deste trabalho é o de discutir a relação que a linguagem, pelo viés psicanalista freudiano, contribui na formação de subjetividades culturais e na compreensão dos casos de necrofilia praticados por Leopoldo, personagem protagonista do romance Os cordeiros do abismo, bem como as suas consequências psíquicas. Trata-se de uma revisão bibliográfica, e para isso, recorre-se ao seguinte corpus teórico: Freud (2019), Moscatello (2010), Lopes (2017), Hall (2006), Costa (1992), Laraia (2004) Iser (1983) e Aristóteles (2001). Verdadeira ou fantasiada, a necrofilia em Leopoldo evidencia mais do que uma patologia, esboça em seus delírios toda uma desestrutura familiar que teria influenciado os seus comportamentos sádicos. Na caminhada final de Leopoldo, existem avaliações internas e externas a serem feitas, pontos de interrogação que permanecem sobre o fardo da vida. A cruz como símbolo de tudo aquilo que não se quer carregar, daquilo que se quer negar para transcender a um lugar maior, talvez seja o treinamento para a elevação da consciência na purificação dos erros cometidos. Leopoldo e as demais personagens se fizeram humanos na medida em que serviram à encenação narrativa deixando à mostra ao leitor, todos os seus crimes e perversões. PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Romance; Cultura; Necrofilia