Preparando as Marcas: O caso das chocolateiras (entre interpretações da Europa e do Brasil)
Neste artigo, analisaremos as trajetórias do artefato chocolateira, a partir dos contextos de popularização do chocolate quente e de transferência da Corte Bragantina para o Brasil. Buscaremos compreender como se deu a passagem do cacau ao produto chocolate. Longe de apresentar a Corte Portuguesa como propagadora de luxo, cosmopolitismo ou novos hábitos de consumo, este texto sinaliza a centralidade dos espaços coloniais para a sofisticação de mercadorias ordinárias que deram suporte à construção de uma propalada “cultura de consumo europeia”, ao longo do século XIX. Argumentaremos que esses artefatos criaram uma infusão entre as travessias do cacau e uma concepção de chocolate. Esses procedimentos envolveram as determinações dos Estados, as operações cognitivas dos sujeitos e a materialidade dos objetos.