Estratégias metacognitivas podem ser ferramentas muito úteis, se aplicadas no processo de estruturação e execução do estágio supervisionado, especialmente nos cursos de licenciatura. Por metacognição, compreende-se um tipo elaborado de gerenciamento sobre o próprio pensamento, uma atitude autorregulatória cujo traço distintivo consiste em promover a busca constante do “aprender a aprender”. O andaimento, a documentação e a organização de registros por meio de dossiês ou portfólios, os contratos de aprendizagem firmados entre estudantes e professores, a autoavaliação e o planejamento coletivo são algumas estratégias autorregulatórias que visam instrumentalizar o estudante em contexto de estágio, para que possa atuar nele de forma autônoma e participativa. Para tanto, o contexto que envolve todas as etapas do estágio, desde a sua concepção, passando pela implementação e avaliação, deve proporcionar uma atmosfera que instigue o aluno a conduzir as suas ações e decisões com segurança e assertividade. Consequentemente, o planejamento precisa ser entendido como “coletivo”, contemplando os principais envolvidos no processo, ou seja, os professores orientador e supervisor bem como o próprio acadêmico. Para chegar a esse ponto de maneira satisfatória, a configuração final do estágio não deve ser “engessada”, mas organizada, permitindo antecipar ao mesmo tempo problemas e alternativas para resolvê-los. Tal movimento não é viável se não houver articulação entre universidade e escola visando a um constante aprimoramento dos métodos e técnicas empregados no processo. Nessa perspectiva, além de cumprirem seu papel previsto em lei de associarem de forma eficiente os conhecimentos teóricos e o fazer docente, as práticas de estágio podem se constituir em situações propícias a reflexões, iniciativas, projetos e propostas de intervenção capazes de beneficiar os atores e cenários envolvidos nessa ação.Referências:ALCÂNTARA, Marcelo Silveira de. Metacognição e auto-regulação na graduação universitária: estratégias de estudo individual e ensino-aprendizagem em contexto de iniciação à expertise. 254 f. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2014.BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Acesso em: 28 jan. 2021.BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm Acesso em: 29 jan. 2021.CALDERANO, Maria da Assunção. Docência compartilhada entre universidade e escola: formação no estágio curricular. São Paulo: FCC/SEP, 2014. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/textosfcc/issue/download/305/67 Acesso em: 29 jan. 2021.CARLBERG, Simone. Considerações. In.: O processo educativo: articulações possíveis frente à diversidade. São José dos Campos: Pulso, 2006, p. 106-108.CARLBERG, Simone; PILATTI, Elisangela; JUNGHANS, Marianne Kollarz. Portfólio: Instrumento-meio de educação. In.: O processo educativo: articulações possíveis frente à diversidade. São José dos Campos: Pulso, 2006, p. 111-128.CHAUÍ, Marilena de Souza. Ideologia e Educação: educação e sociedade. São Paulo: Cortez, 1980.HATTIE, John. Aprendizagem visível para professores: como maximizar o impacto da aprendizagem. (Trad.)Luís Fernando Marques Dorvillé. Porto Alegre: Penso: 2017.FAGUNDES, Gustavo. Educação Superior Comentada. A diferença entre as figuras de orientador e supervisor de estágio na educação superior. Ano 2 Nº 16 de 15 a 21 de julho de 2014. Disponível em: https://abmes.org.br/colunas/detalhe/1105/educacao-superior-comentada-%E2%80%93-a-diferenca-entre-as-figuras-de-orientador-e-supervisor-de-estagio-na-educacao-superior# Acesso em 31 jan. 2021.FLAVELL, John H. Metacognition and cognitive monitoring: A new area of cognitive-developmental inquiry. American Psychologist, v. 34, No. 10, 906-911, October, 1979. Disponível em:http://jwilson.coe.uga.edu/EMAT7050/Students/Wilson/Flavell%20(1979).pdf Acesso em: 26 abr. 2021.FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 2009.PINTO, Rosimar Sabino; MARCOTTI, Paulo. Metacognição - uma proposta de intervenção psicopedagógica no Ensino Fundamental I. Revista de Pós-Graduação Multidisciplinar, São Paulo, v. 1, n. 4, p. 169-178, mar. 2018/set. 2018. Disponível em: https://www.fics.edu.br/index.php/rpgm/article/view/781/711 Acesso em: 28 jan. 2021.SANTOS, Denise. Ensino de língua inglesa: foco em estratégias. Barueri: Disal, 2012.SEVERO, Suzan Severo de; KRAMER, Rossana. O professor de Inglês e o livro didático: uma relação crítico-dialógica. XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - Mentes Inquietas: pessoas, experiências e atitudes. SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis, Porto Alegre, RS - 24 a 28 de outubro de 2016. Disponível em: https://www.uniritter.edu.br/files/sepesq/arquivos_trabalhos_2017/4368/1695/2039.pdf Acesso em: 31 jan. 2021.VASCONCELLOS, Maria de Nazareth Machado de Barros. Gestão de Sistemas Educacionais. Curitiba, IESDE Brasil S.A., 2009.WEIL, Pierre. A arte de viver em paz: por uma nova consciência e educação. São Paulo: Gente, 2002.WOLF, Rosângela Abreu do Prado; GOMES, Thaís de Sá. A prática de estágio supervisionado no Ensino Superior. IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE – III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. 26 a 29 de outubro de 2006 – PUC-PR. Anais... Curitiba: 2006. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/cd2009/pdf/3174_1460.pdf Acesso em: 28 jan. 2021.Recebido em 01-02-2021Revisões requeridas em 15-04-2021Aceito em 10-05-2021