Ana Paula Molinari Candeias
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Juliana Das Chagas Goulart
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Karim Cristhine Pase Montagnini
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Laura Zanella Souza
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Viviane Andrade Da Silva
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Aelurostrongylus abstrusus é um nematódeo pouco diagnosticado na rotina veterinária, onde os parasitas adultos têm como localização as vias aéreas de felinos e a postura de ovos pode acontecer no parênquima pulmonar ou em pequenos vasos alveolares, os quais eclodem as larvas de primeiro estágio (L1), que ao serem deglutidas são eliminadas com as fezes. No ambiente, as larvas encontram os hospedeiros intermediários, podendo ainda se disseminar por diversos hospedeiros paratênicos. Os felinos se infectam através da ingestão dos moluscos contendo as larvas infectantes (L3) ou ingerindo os hospedeiros paratênicos, e após a digestão, as larvas atingem os pulmões migrando pelo sistema circulatório e linfático, onde evoluem para adultos. A maioria das infecções são assintomáticas, entretanto, em casos mais graves os animais podem desenvolver complicações, como pneumonia, efusão pleural, piotórax, entre outras, podendo ser fatais. O presente trabalho teve por objetivo descrever as alterações de um caso de infecção natural por A. abstrusus em gato mourisco (Puma yagourandi), diagnosticado pelos Laboratórios de Doenças Parasitárias dos Animais (DOPA) e Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Setor Palotina. O felino que havia sido vítima de atropelamento, chegou ao Hospital Veterinário da UFPR já morto sendo prontamente encaminhado a necropsia. Na análise macroscópica, o pulmão apresentava áreas multifocais a coalescentes moderadamente avermelhadas e hipocrepitantes, além de presença multifocal de estruturas parasitárias ao corte. Na análise histopatológica, foi observada uma pneumonia granulomatosa multifocal moderada, composta por linfócitos, macrófagos, plasmócitos e células gigantes do tipo Langerhans. No lúmen bronquial, no centro do infiltrado, notou-se a presença de um parasita de forma arredondada, de aproximadamente 350 µm de diâmetro, com cavidade celomática, trato digestório musculoso e aparelho reprodutivo bem evidente, com múltiplos ovos larvados em seu interior, camada muscular delgada e cordões laterais paralelos evidentes (compatíveis com A. abstrusus). No lúmen dos bronquíolos havia grande quantidade de ovos em diferentes estágios de desenvolvimento larval, medindo de 80 a 150 µm de diâmetro. O epitélio bronquial e a camada muscular das arteríolas estavam moderadamente espessados com aumento no número de camadas celulares (hiperplasia) e no lúmen dos alvéolos, havia moderada quantidade de macrófagos espumosos. Durante a necropsia, foram coletados espécimes de parasitas provenientes do pulmão, assim como, amostra de lavado traqueobronquioalveolar, ambas foram encaminhadas ao DOPA. As amostras foram analisadas através do método parasitológico direto, com auxílio do microscópio de luz, estereomicroscópico e chaves para a identificação de nematódeos (VICENTE et al, 1997). Na amostra de lavado traqueobronquioalveolar, foi possível visualizar ovos larvados e larvas que foram identificadas e classificadas como A. abstrusus, assim como os espécimes adultos. A aelurostrongilose felina é uma doença negligenciada, subdiagnosticada e, grande parte das infecções são assintomáticas e acabam sendo um achado anatomopatológico, como no presente estudo. Desta forma, torna-se importante realizar o acompanhamento coproparasitológico dos felinos para realização do diagnóstico precoce e diagnóstico diferencial para outras infecções respiratórias como Trogostrongylus brevior, Capillaria aerophila e Angyostrongylus vasorum (que apresenta potencial zoonótico).