Neste artigo, apresento a obra da artista francesa Sophie Calle (1953 - presente) como um vetor para investigação acerca do espaço público, indagando o papel que as práticas artísticas críticas (Mouffe, 2013) podem desempenhar no questionamento da pressuposição democrática de tais espaços a partir dos conceitos de dissenso, aqui compreendido enquanto racionalidade política não consensual, e da partilha do sensível, que nos permite vislumbrar potencialidades da arte enquanto ferramenta política (Rancière, 1996; 2009). A partir das obras Suíte Veneziana (1980), The Detective (1981), The Address Book (1983), The Bronx (1980), Phone Booth (1994) os conceitos de dissenso e partilha do sensível serão articulados para análise das imagens e à luz dos registros textuais da artista sobre estes trabalhos.Palavras-chave: Sophie Calle; Flânerie; Performance Urbana; Partilha do Sensível; Dissenso. SOPHIE CALLE’S FLÂNERIE: REFLECTIONS ON PUBLIC AND PRIVATE SPACESAbstract: In this article, I present the artwork of the French artist Sophie Calle (born 1953) as a medium to investigate the public space, inquiring which role that critical art practices (Mouffe, 2013) can play in questioning the assumption of democracy given to public spaces from the concepts of dissent as a non-consensual political rationality, and the distribution of the sensible, which allows us to glimpse the potential of art as a political tool (Rancière, 1996; 2009). From the artworks Suite Venetienne (1980), The Detective (1981), The Address Book (1983), The Bronx (1980) and Phone Booth (1994), the concepts of dissent and distribution of the sensible will be articulated for the analysis of images and the artist's textual records of these artworks.Keywords: Sophie Calle; Flânerie; Urban Performance; Distribution of the Sensible; Dissent.