Tomar a Sociologia da Educação como objeto de análise, no contexto português, significa reconhecer o terreno histórico e social no qual seu desenvolvimento encontrou condições de possibilidade. Alguns trabalhos pioneiros ainda na década de 1960, sua inserção no ensino superior somente após o fim do regime autoritário em 1974, bem como seu processo de construção e consolidação enquanto campo relativamente autônomo levam-nos hoje a interrogar diferentes espaços de socialização e discussão da produção em Sociologia da Educação nesse país. A partir disso, o presente artigo pretende analisar um desses espaços, a Seção de Sociologia da Educação da Associação Portuguesa de Sociologia (APS), em duas frentes complementares: seus exercícios de autorreflexão e suas marcas teórico-metodológicas. Com base na Sociologia Compreensiva, na combinação entre as abordagens quanti e qualitativa (mixed methods) e no diálogo com o pensamento bourdieusiano no âmbito de seus constructos sobre o campo científico, as newsletters e as atas dos congressos organizados pela supracitada seção constituem, pois, as fontes de que este estudo se ocupa. Questionamentos em torno da seção aqui apreciada, de seus pesquisadores associados, bem como das suas principais preocupações e discussões, da agenda de pesquisa e especialmente do quadro teórico e metodológico que tem se desenhado no cenário recente ganham centralidade neste texto e, ao passo que são aprofundados por meio da apresentação e discussão dos dados e dos achados do estudo, acabam por revelar os caminhos que a Sociologia da Educação tem percorrido no contexto português na última década.