Nair Fernanda Burigo Mochiutti
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Laís Luana Massuqueto
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Henrique Simão Pontes
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Gilson Burigo Guimarães
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Jasmine Cardozo Moreira
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A visitação turística em cavidades subterrâneas demanda estudos de diagnóstico e de planejamento dessa atividade, principalmente considerando as peculiaridades das cavernas, como ambiente confinado, baixa luminosidade, fauna especializada e feições frágeis, a exemplo dos espeleotemas. A limitação no número de visitas diárias e a organização das mesmas ao longo desse período são medidas básicas para gerenciar o uso turístico deste tipo de atrativo. Este trabalho apresenta um estudo de capacidade de carga turística na Fenda da Freira, cavidade subterrânea localizada no Parque Nacional dos Campos Gerais, em Ponta Grossa, Paraná. Em pouco mais de um ano de visitação descontrolada a fenda foi impactada negativamente pela ação dos visitantes. Inscrições nas paredes, escaladas em locais indevidos e excesso de ruído foram alguns dos distúrbios. Com objetivo de compatibilizar o uso e a proteção do local, um Plano de Uso Público foi elaborado, e a capacidade de carga turística integrou o estudo. Uma adaptação no método de Cifuentes, proposto com base em experiências em áreas protegidas, orientou os trabalhos. A capacidade de carga física da cavidade subterrânea foi de cerca de 1690 visitas diárias, a qual, ajustada por cinco fatores de correção pautados nos aspectos da geodiversidade e biodiversidade suscetíveis a impactos, foi reduzida para 40 visitas por dia, que corresponde à sua capacidade de carga real. Este número foi considerado um dado orientativo que, a partir da adoção de medidas mais abrangentes, como acompanhamento de guias de turismo somado ao fornecimento de informações científicas e educativas, além da supervisão da equipe de trabalho pelo período de um ano, foi adequado para 160 visitas por dia. Esse conjunto de ações tem refletido na recuperação ambiental gradual da Fenda da Freira e na melhoria da qualidade da atividade turística nesse atrativo.