Retomando uma leitura política e social da Carta a d’Alembert proposta por Bento Prado Jr. e Luiz Roberto Salinas Fortes, este artigo busca estender e desdobrar algumas importantes implicações desta tradição de leitura: investigar uma reflexão econômica e os desenvolvimentos de uma economia política associada aos espetáculos, conforme apresentada na Carta. Afinal, contestando uma específica concepção de espetáculo defendida pelos enciclopedistas, Rousseau, sublinhando o caráter político presente nos debates sobre a atividade teatral, incessantemente se atenta para o contexto social e econômico no qual uma peça se insere. Neste contexto, considerando-se ainda a oposição que a Carta apresenta contra etnocentrismo dos philosophes, pretendemos analisar como então é desenvolvida uma crítica à ociosidade – ou uma apologia ao trabalho – que tem em vista fortalecer os argumentos dirigidos contra o teatro parisiense. Exploraremos, portanto, os aspectos de economia política que compõem a argumentação de Rousseau ao longo do texto. [Resuming a political and social reading on the Letter to d’Alembert proposed by Bento Prado Jr. and Luiz Roberto Salinas Fortes, this paper aims to further important consequences carried out by this tradition: to analyze an economic reflection and the developments of political economy thoughts associated with the theatre, as presented in Rousseau’s Letter to d’Alembert. Challenging a specific conception of spectacles advocated by the encyclopedists, Rousseau, highlighting the political character present in the discussions on the theatrical activity, draws attention to the social context in which a play takes place. In this context, and considering the opposition that the Letter presents against the philosophes’ ethnocentrism, we aim to analyze how a critique of idleness – or a praise of labor – is developed, with a view to strengthen the arguments pointed against the Parisian theatre. Most of all, we will seek to highlight the political and economic aspects that make up Rousseau’s arguments.]