Resumo
O presente trabalho tem por objetivo comparar duas noções diferentes de política, correlatas a duas noções como que simétricas e opostas do que seja a natureza humana, a saber: o conceito aristotétlica de política, e o conceito hobbesiana da mesma. Enquanto a noção teleológica da política aristotélica, segundo a qual a parte é anterior ao todo, o conduzia a tese segundo a qual o homem é naturalmente político, a inflexão materialista-mecanicista da filosofia hobbesiana acabaria por inverter esse quadro: o indivíduo, entendido como conjunto de relações mecânicas torna-se o centro da análise filosófica, e a política passa a ser uma convenção criada pacificar o estado de guerra de todos contra todos. Como interpretar essa transformação do sentido da política? Recorremos a um argumento de Habermas, segundo o qual o conceito hobbesiana de política corresponde ao aparecimento do mercado capitalista, que reifica as relações humanas e subordina a política à busca pelas satisfações materiais individuais. Nesse sentido, mais do que mera opção metodológica, a filosofia de Hobbes ganha o interesse para um diagnóstico de época, de como a política passa a operar com a generalização das relações de mercado.
Abstract
The objective of the present work is to compare two different notions of politics correlated to two oppositive notions of what the human nature is: the aristotelian conception of politics, and the hobbesian one. While Aritotle’s theleological notion of politics, that conceives the whole as prior to the parts, made him defend the theses according to which man is by nature a political being, the materialist turn took by hobbesian philosophy would invert this previous scene: the individual, understoond as a compound of mechanical relations, becomes the center of the analisys, and politics becomes a convetion created to pacify the state of war of all against all. What could one say about this transformation of the very notion of politics? We will resort at this point to an argument put foward by Habermas, according to which the hobbesian notion of politics corresponds to the rise of the capitalist market that reifies human relations and subjects politics to the search for invidual material satisfactions. Thus, more than a mere methodological alternative, Hobbes’s political philosophy reveals itself as an epoch diagnosis about the transformation of politics due to the generalization of market relations.