Resumen
En este artículo, y desde un abordaje regional situado en el valle de Copiapó en la Región de Atacama en el norte de Chile, efectuamos un análisis del periodo de desarrollo del neoliberalismo en clave ambiental como una coyuntura histórica, en la que nos concentramos en el metabolismo económico, material y político institucional entre sociedad y medioambiente. Específicamente, analizaremos como el agua, es sometida a un proceso de privatización y mercantilización, constituyendo las silenciosas bases del metabolismo extractivo en el marco del desarrollo y transformación de la industria minera y agroindustrial, que implicó una intensificación radical del consumo industrial de agua, paralelo a un aumento exponencial de la acumulación capitalista y a una simultánea hiper-desertificación artificial de una zona ya naturalmente desértica. Hipotetizamos que la acumulación por desposesión hídrica solo fue posible teniendo como condiciones de posibilidad y origen re fundacional, a las transformaciones institucionales radicales realizadas sin posibilidad de discusión democrática y en un contexto de represión y violencia política, con lo que el análisis de la dimensión ambiental del presente no puede disociarse de los contextos políticos subyacentes y sus trayectorias en términos de un abordaje de análisis de procesos de duración media en términos braudelianos.
Palabras clave: hidropolítica; secuestro hídrico; coyuntura; violencia; neoliberalismo.
Resumo
Neste trabalho, a partir de uma abordagem regional localizada no vale de Copiapó, Região do Atacama, norte do Chile, realizamos uma análise ambiental no período histórico de desenvolvimento do neoliberalismo no Chile, na qual enfocamos o metabolismo econômico, material e político-institucional entre sociedade e meio ambiente. Especificamente, analisamos como a água está submetida a um processo de privatização e comercialização, constituindo as bases silenciosas do metabolismo extrativo no quadro do desenvolvimento e transformação da indústria mineira e agroindustrial, o que implicou uma intensificação radical do consumo industrial de água, paralelo a um aumento exponencial da acumulação capitalista e a uma simultânea hiperdesertificação artificial de uma área já naturalmente deserta. Hipotetizamos que o acúmulo por expropriação da água só foi possível tendo como condições de possibilidade e origem refundacional, as radicais transformações institucionais realizadas iniciadas na ditadura e consolidadas nos governos pós-ditatoriais, com as quais a análise da dimensão ambiental do presente não pode ser dissociada dos contextos políticos subjacentes e de suas trajetórias em termos de uma abordagem de análise de processo de média duração em termos braudelianos. Para isso, analisamos o fenómeno destacando duas ordens distintas, mas ligadas: 1) uma, relativa às trajetórias político-institucionais sob uma perspectiva histórica, considerando dimensões escalares em dimensiones políticas, econômicas e ambientais; 2) outra, sociopolítica e narrativa, ao abordar discursos e narrativas promovidos pelo capital, como formas ideológicas de despolitização da crise, Por outro lado, a emergência de narrativas de contestação desde as comunidades e atores locais, que vão da narrativa do desaparecimento do rio à do sequestro da água. Finalmente, destacamos que, ainda que não haja relação causal entre o sentido semântico observado, tanto o desaparecimento como o sequestro são narrativas que podem estar vinculadas à violência política originária da ditadura y a luta pelos Direitos Humanos, com o desaparecimento e sequestro de pessoas no âmbito da repressão política, paralela aos processos de transformação económica que levaram à reconfiguração silenciosa entre capital e meio ambiente no Chile. Em termos de periodização da conjuntura estudada, apesar de não estar estruturada de forma sequencial, se incluem eventos e processos que envolvem o desenvolvimento da conjuntura neoliberal desde a execução do golpe de Estado contra Salvador Allende em 1973, do desenvolvimento de transformações jurídicas e econômicas da ditadura militar e da consolidação neoliberal na transição pós-ditatorial, até o denominado estallido social de outubro de 2019 e o posterior processo constituinte em 2020/2021
Palavras-chave: hidropolítica; sequestro de água; conjuntura; violência; neoliberalismo.
Neoliberal hydropolitics in Chile and the water kidnapping in Copiapó Valley: Trajectories, dynamics and narratives in tension, an historical conjuncture approach
Abstract
In this work and from a regional approach located in the Copiapó valley in the Atacama Region in northern Chile, we carry out an analysis of the period of development of neoliberalism in an environmental key as a historical conjuncture, in which we focus on metabolism economic, material and institutional political between society and environment. Specifically, we will analyze how water is subjected to a process of privatization and commercialization, constituting the silent bases of the extractive metabolism in the framework of the development and transformation of the mining and agro-industrial industry, which implied a radical intensification of the industrial consumption of water, parallel to an exponential increase in capitalist accumulation and to a simultaneous artificial hyper-desertification of an already naturally desert area. We hypothesize that the accumulation by water dispossession was only possible having as conditions of possibility and re-foundational origin, the radical institutional transformations carried out initiated in the dictatorship and consolidated in the post-dictatorial governments, with which the analysis of the environmental dimension of the present does not it can be dissociated from the underlying political contexts and their trajectories in terms of a medium-duration process analysis approach in Braudelian terms.
Keywords: hydro-politics; water kidnapping; conjuncture; violence; neoliberalism.