Este artigo apresenta os resultados de uma investigação realizada na Diocese da Campanha, no sul de Minas Gerais, sobre o trabalho desenvolvido pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que começaram a operar ali no final dos anos 1980 e que têm como evento principal a Romaria do Trabalhador. A metodologia da história oral foi usada para conhecer as experiências de três mulheres no bispado e para entender como as CEBs adquiriram sentido na vida de cada uma delas, na perspectiva da História das mulheres. Durante a pesquisa, percebeu-se que os principais sujeitos das CEBs, como também havia mostrado Eder Sader (1988), foram e continuam sendo as mulheres, que permanecem, muitas vezes, invisibilizadas. A história oral permitiu que elas mesmas pudessem falar sobre suas trajetórias e sobre o papel da Igreja na vida das comunidades em que vivem, além de sua própria identidade como fiéis influenciadas pela Teologia da Libertação, muito forte na América Latina. Por meio das entrevistas foi possível analisar alguns aspectos apontados por Maria Aparecida, Helena Maria e Maria Lucely, que serão explorados ao longo do artigo, tais como a questão de gênero dentro da Igreja, a importância dada por elas à cultura popular em suas ações e a relação entre a memória individual e a memória coletiva.