Em carta e nos poemas O banho de xampu e Canção do tempo das chuvas, Elizabeth Bishop (2006, 2011 e 2012) representa Key West, na Flórida, e a Casa de Samambaia, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, retratando-os como lugares de maior acolhimento para sua subjetividade e sexualidade. Nesses textos, a poeta revela um jogo erótico com o lugar, dinamizado pelo soterramento de sua intimidade em descrições, aparentemente, neutras da realidade. Essa dinâmica sugere há existência de um jogo libidinal entre a insinuação de um segredo e, ao mesmo tempo, a manutenção de seu sigilo. Dona de uma poética do armário (SEDGWICK, 2007), Bishop, uma mulher lésbica, nesses textos, aponta para experiências íntimas, marcadas pela jouissance, pela relação erótica com o lugar (BATAILLE, 1987). Neste ensaio, proponho pensar esse jogo, destacando expressões de gozo simulacradas na relação com o ambiente, um gozo que se realiza à revelia da opressão, da hostilidade de gênero e do preconceito (LUGONES, 2019).
PALAVRAS-CHAVE: Elizabeth Bishop. Representações da Intimidade. Erotismo. Armário. Gozo.