O agronegócio nunca saiu de cena e, nas últimas décadas, nem retrocessos apresenta, está em franca expansão em direção ao Cerrado, a Amazônia e ao Pantanal. Sempre desmatando e eliminando aquilo que impede e questiona o seu crescimento desenfreado. Afinal, para haver expansão é necessária a existência de territórios disponíveis (muitas vezes tratados como ociosos, vazios) para serem apropriados. Foi assim nos anos áureos dos ditos governos progressistas, que usufruíram do boom das commodities e continua assim hoje em pleno um momento de crise econômica, política, sanitária e social. Contudo, vivemos um momento particular: a pandemia da COVID-19, que desde o início de 2020 assola todo o globo e que é utilizada pelo governo brasileiro para “passar a boiada”. Assim, o objetivo deste artigo é apontar elementos que permitam a reflexão sobre como o governo de Jair Messias Bolsonaro (sem partido) em tão pouco tempo de mandato tem fortemente impactado a questão agrária e ambiental. Este texto compreende a apresentação do número 58 da Revista NERA, que conta com dez importantes contribuições acerca da complexidade e multiescalaridade da questão agrária. Como citar este artigo:PEREIRA, Lorena Izá; ORIGUÉLA, Camila Ferracini; COCA, Estevan Leopoldo de Freitas. A política agrária no governo Bolsonaro: as contradições entre a expansão do agronegócio, o avanço da fome e o antiambientalismo. Revista NERA, v. 24, n. 58, p. 08-27, mai.-ago., 2021.